INTRODUÇÃO
Olá Bereanos, neste post, exploraremos as raízes da ignorância e da má interpretação, e o que as Escrituras Sagradas nos ensinam a esse respeito. Será que frequentemente interpretamos mal as situações? Será que nos enganamos a nós mesmos? Podemos confiar plenamente naquilo que presumimos ser verdade? Será que nossa percepção individual equivale à verdade universal? Além disso, combinaremos abordagens da psicologia, filosofia e, prestigiosamente, teologia, com a possibilidade de instigar uma mentalidade aberta, contudo, esse resultado está condicionado à sua predisposição pessoal. Creio que todos aqueles que têm poder de palavra, influência e ensino devem se preocupar em falar sobre o que nós abordaremos neste post. Se em algum momento eu extrapolar em determinada afirmativa, ficaria a vosso encargo a gentileza de corrigir-me em vossos futuros comentários ou contestar o que foi dito através da análise da Palavra de Deus se este for o caso. Estou ciente de que determinados indivíduos poderão me perceber de forma desfavorável, enquanto outros poderão nutrir apreço por mim; contudo, minha intenção primordial é a busca pela verdade pois esta é crucial para o funcionamento eficiente de tudo. Entretanto, não sou responsável pelas percepções individuais que cada um possa ter a do post e a meu respeito. O conteúdo é profundo, então é plausível que indivíduos desprovidos de uma postura mental aberta possam enfrentar dificuldades e sentir-se ofendidos pelas minhas palavras, se surgir a sensação de desrespeito eu não sou responsável, pois as minhas expressões são fundamentadas na sinceridade e um mantém um padrão de respeito. Ademais se por exemplo eu digo que roubar é moralmente reprovável, e alguém se sente ofendido por ter praticado tal ato, a responsabilidade recai sobre o indivíduo que cometeu, não sobre mim. Caso reconheça a necessidade de correção em sua conduta, que esta seja feita em busca da retidão moral perante Deus, não em relação a mim, pois Deus será o árbitro final de nossas ações.
A ignorância e a má interpretação em questão
“Ignorância e má interpretação”, sugere uma correlação entre esses dois fenômenos, mas como exatamente ocorre essa interação? Compreender de forma precisa as situações pode ser desafiador, uma vez que nossa percepção do mundo é influenciada por nossas experiências individuais, e essa empiricidade nem sempre é o bastante. A Bíblia diz:
(Eclesiastes 8:1) Quem é como o sábio? E quem sabe a interpretação das coisas? A sabedoria do homem faz reluzir o seu rosto, e muda-se a dureza da sua face.
Até mesmo o rei Salomão reconheceu a dificuldade intrínseca na interpretação precisa das coisas, como evidenciado em sua indagação: “Quem é como o sábio? E quem conhece a interpretação das coisas?” Dessa forma, algumas verdades permanecem tácitas e só podem ser discernidas e interpretadas adequadamente por aqueles dotados de sabedoria, devido ao seu conhecimento. O versículo menciona que a sabedoria influencia até mesmo a expressão facial da pessoa que a possui. É importante ressaltar que nossos conhecimentos nesta vida são limitados e não se desenvolvem de maneira linear e precisa, e ainda assim, a compreensão total de todas as coisas permanece inalcançável. Leiamos:
(Eclesiastes 7:17) percebi tudo o que Deus tem feito. Ninguém é capaz de entender o que se faz debaixo do sol. Por mais que se esforce para descobrir o sentido das coisas, o homem não o encontrará. O sábio pode até afirmar que entende, mas, na realidade, não o consegue encontrar.
A sabedoria concedida por Deus a Salomão, o rei mais sábio de sua época, evidencia que mesmo ele não detinha conhecimento de tudo. Isso pode ocorrer devido à nossa natureza humana, que implica em limitações na nossa capacidade intelectual.
Indagações filosóficas sobre a sociedade
Eu acreditava que minhas percepções eram únicas, mas é possível que outros compartilhem das mesmas impressões que as nossas. Alguns podem conjecturar que as minhas próximas observações são influenciadas pela falta de interação social, no entanto, é relevante mencionar que minha afirmação é embasada em conceitos filosóficos advindos da filósofa de renome Lúcia Helena, cujas referências estão disponíveis na descrição para sua consulta. Ela argumenta que vivemos em uma sociedade onde muitos indivíduos demonstram falta de curiosidade em relação à busca pela verdade sobre os fenômenos do mundo e da vida. Quando um indivíduo forma uma opinião sobre um assunto e essa opinião o favorece, mesmo que seja demonstrado que essa opinião está incorreta, ele pode relutar em aceitar essa correção, pois está mais interessado em preservar sua versão da verdade e o que lhe é pessoalmente vantajoso. Em vez de buscar a verdade objetiva, muitos se concentram em promover suas próprias narrativas, buscando o que torna suas perspectivas mais atraentes e envolventes. Assim, a opinião individual é considerada mais relevante do que a verdade objetiva, é como se não existisse a verdade, e cada um busca a sua. E é mais ou menos como diz:
(Provérbios 18:2) O insensato não tem prazer no entendimento, senão em externar o seu interior.
O versículo menciona que o insensato não encontra satisfação no entendimento, ou seja, não demonstra interesse em aprender ou compreender as coisas. Em vez disso, prefere expressar suas opiniões sem aprofundar-se no conhecimento adequado, sem buscar compreender a verdade subjacente aos fatos.
O problema reside no desinteresse em compreender a realidade das coisas, o porquê e o propósito de sua existência. Isso pode levar a uma ignorância em relação às questões fundamentais da humanidade, como “Qual é o propósito da vida? Por que estamos aqui?”. Se houver uma verdade a essas questões, é importante considerá-las com seriedade. Se nos preocupamos apenas com nossos interesses pessoais e favorecemos nossas próprias visões, mesmo que estejamos equivocados, corremos o risco de viver sem um propósito claro e sem o desejo de buscar melhorias em nosso desenvolvimento espiritual e como seres humanos.
Eu creio que existe um déficit nos estímulos nessas áreas, consideradas “entediantes”. Esses processos exigem esforço intelectual, compreensão e estudo, atividades que para muitos não provocam uma resposta de liberação de dopamina no cérebro.
O que é o aprimoramento?
Entretanto, o que caracteriza o aprimoramento? Este é definido pela ação assertiva de identificar e implementar aquilo que é genuinamente necessário e que proporcionará benefícios, refletindo, assim, um processo de maturação. Em contrapartida, algumas práticas consideradas evolutivas podem, na verdade, acarretar problemas. Portanto, é imperativo que cada indivíduo realize suas ações em sincronia com seu próprio tempo e ritmo de desenvolvimento. Leiamos:
(Eclesiastes 3:1) Para tudo há um tempo determinado; Há um tempo para toda atividade debaixo dos céus:
Após este versículo, o autor enumera uma série de atividades que requerem um investimento de tempo. Assim, é estabelecido que cada atividade tem sua própria cadência temporal, que varia de pessoa para pessoa, justificando a necessidade de respeitar o ritmo individual de cada um. Esse fator também pode ser um dos motivos pelos quais as pessoas não buscam o aprimoramento pessoal, já que tal empreendimento demanda tempo de qualidade – um recurso escasso na atualidade. Também entendemos que existem frequentemente circunstâncias em que simplesmente devemos agir, sem tempo para analisar situação. E isso acontece com frequência, não temos tempo para pensar porque a vida de muitos é corrida.
O conhecimento e a verdade objetiva é evitado
O conhecimento muitas vezes tende a ser evitado, porque pode causar desconforto, é como diz:
(Eclesiastes 1:18) Muita sabedoria, muito desgosto; quanto mais conhecimento, mais sofrimento.
À medida que expandimos nosso repertório de conhecimento que outros não possuem, isso pode intensificar o desconforto emocional, pois quando nossa capacidade de discernimento se amplia, é revelada uma miríade de imperfeições e desafios, cuja resolução pode se mostrar elusiva. Portanto, o processo de busca de conhecimento não é percebido como convidativo.
A ponderação de perguntas significativas e o acúmulo de conhecimento frequentemente desencadeiam uma sensação de desconforto, desafiando a estabilidade emocional individual ao confrontar as zonas de conforto. Ocasionalmente, negligenciamos profundas reflexões sobre esse aspecto ou tomamos consciência de que a nossa motivação em estar vivendo não corresponde às nossas expectativas pessoais, ou ainda, essa motivação pode estar ausente, sendo substituída por um projeto específico ou nem isso. Uma vez que esse projeto é concluído, o propósito de vida inicial é encerrado.
A sociedade e a informação
É lamentável que muitos evitem o esforço de verificar informações, optando por aceitá-las passivamente. Não estou dizendo que deveríamos confrontar as pessoas, claro que não, devemos ter responsabilidade pelo conhecimento e sobre o que falamos e agimos. Mas esse comportamento é facilitado pelo fato de que acreditar sem questionar é mais confortável, especialmente considerando o estilo de vida contemporâneo e a estrutura social que muitas vezes não prioriza o tempo para pesquisa, para si e a prática da espiritualidade. Nesse contexto, é observado que apenas uma parcela pequena da população é suscetível a tal despertar, não se tratando de uma universalidade, mas sim de uma propensão inerente àqueles indivíduos que almejam incessantemente o aprimoramento pessoal, a espiritualidade e a busca pela verdade através do conhecimento.
Contudo, paradoxalmente, embora as condições propícias para o aprimoramento humano estejam presentes na sociedade, notadamente na era da informação, parece existir um déficit nos estímulos necessários, pouco interesse coletivo em promover tal progresso. O interesse predominante parece estar direcionado para a satisfação do ego individual, enquanto questões relacionadas ao aprimoramento pessoal e à espiritualidade frequentemente recebem escassa atenção, ou mesmo são ignoradas em certos casos. Isso explica porque é muito raro “nascer” um Albert Einstein ou um Nikola Tesla, porque a sociedade não quer estudar, se aprimorar. Esses gênios da humanidade eram antissociais e excêntricos e não porque não gostavam de pessoas, mas porque suas ideias eram diferentes da grande massa e eram indivíduos que por assim dizer “viviam em seu próprio mundo”, ou seja, ficavam fissurados em entender como algo funciona, e hoje só temos a tecnologia que temos por causas desses indivíduos antissociais excêntricos da sociedade que ficaram fissuradas em algo, dedicaram seu tempo em seus descobrimentos em vez de fazer o que a grande massa faz.
Embora buscar certas fontes de felicidade não sejam questionáveis, e nos proporcionem contentamento temporário, tais fontes não contribuem para o fortalecimento de nossos princípios e espiritualidade. Esse fenômeno é mencionado na Bíblia como uma previsão para os últimos dias, inclusive no contexto religioso, conforme lemos em:
(2 Timóteo 4:3) Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos;
Neste texto, é mencionado que em algum momento as pessoas não iriam querer mais ensinamentos da sã doutrina e procurariam por mestres que lhes agradassem com discursos agradáveis, ou seja, instrutores que confirmassem suas próprias opiniões, que falariam o que eles querem ouvir, e isso soaria como cócegas nos ouvidos. Esse fenômeno acontece tanto na sociedade em geral quanto no contexto religioso.
Outro texto diz:
(Eclesiastes 7:4) O coração do sábio está na casa onde há luto, mas o do tolo, na casa da alegria.
Este versículo ressalta a importância de fomentar a sabedoria e a seriedade em nossas vidas. Ele nos estimula a pensar sobre as decisões que fazemos e no que priorizamos, buscando encontrar uma alegria genuína que vem de viver de acordo com os princípios divinos. Procurar por fontes de felicidade nem sempre significa priorizar o que é mais significativo. Quando enfrentamos situações de luto, temos a oportunidade de aprender sobre a pessoa que partiu e sobre seu legado. Nesse momento, o foco está em adquirir conhecimento e crescer como indivíduo, ao invés de buscar apenas a satisfação do ego. E é inegável que ao final desta existência, não podemos transportar conosco nenhum bem material.
Se eventualmente transcendermos para uma existência celestial, a única coisa que permanecerá conosco é o conhecimento. Da mesma forma, se houver uma ressurreição na Terra, as lembranças serão limitadas ao conhecimento adquirido em nossa vida anterior. A vida presente, portanto, é passageira, devemos focar na nossa espiritualidade. Veja o que diz:
(2 Coríntios 4:18) Sendo assim, fixamos nossos olhos, não naquilo que se pode enxergar, mas nos elementos que não são vistos; pois os visíveis são temporais, ao passo que os que não se vêem são eternos.
Aquilo que é tangível tende a ser temporário, enquanto o intangível possui uma natureza eterna. O conhecimento e a espiritualidade, por serem elementos invisíveis, são considerados eternos. Portanto, é aconselhável direcionar nossa atenção para as questões invisíveis, como o desenvolvimento espiritual e intelectual, em vez de nos concentrarmos apenas no aspecto físico, priorizando aquilo que verdadeiramente tem importância à longo prazo.
As percepções superficiais subjetivas
A filósofa também discute a visão de mundo peculiar de cada indivíduo. Surgem questionamentos sobre a acurácia da percepção da realidade: Será que enxergamos o mundo conforme ele é de fato, ou nossa visão é moldada por expectativas individuais, resultando em uma interpretação pessoal? Ela argumenta que a sociedade distorce a visão das coisas, e enxergam apenas aquilo que os favorece, fazendo uma analogia com a enxergar as coisas com uma lanterna de baixa potência. A observação da sociedade revela uma tendência a focalizar apenas em elementos que são considerados de interesse ou que oferecem benefícios percebidos. Por outro lado, elementos que não suscitam interesse ou não trazem benefícios costumam ser negligenciados ou ignorados. Os objetos e eventos do mundo exterior não funcionam como um reflexo direto de nossas próprias perspectivas. Em vez disso, é essencial cultivar o interesse genuíno em observar e compreender as coisas conforme elas realmente são, sem distorções ou viés pessoal. Na verdade todos nós achamos que a nossa visão sobre as coisas é a correta, leiamos:
(Provérbios 16:2) Todos os caminhos do homem são puros aos seus olhos, mas Jeová pesa o espírito.
Em essência, os seres humanos tendem a justificar suas ações como corretas, mesmo quando podem causar prejuízos. Este comportamento é motivado pela percepção de que tais ações podem resultar em benefícios, ainda que isso não corresponda à realidade. Assim, a tendência à ignorância não é peculiar de ninguém, embora alguns se destaquem nisso. Veja o que diz:
(Provérbios 12:15) O tolo pensa que sempre está certo, mas os sábios aceitam conselhos.
É importante reconhecer a limitação do nosso conhecimento e estar aberto a receber conselhos, uma vez que nem sempre temos uma compreensão completa de uma situação ou ação específica. Por vezes, podemos estar diante de uma parcela do todo ou podemos nos sentir incertos sobre a melhor abordagem a ser adotada. No entanto, é fundamental exercer cautela ao seguir conselhos, pois nem todos os conselhos são igualmente confiáveis ou benéficos, leiamos:
(Provérbios 14:15) O ingênuo acredita em qualquer coisa, mas o prudente presta atenção onde pisa.
Assim, é sensato não adotar automaticamente todas as informações que nos são apresentadas. Devemos ter cuidado ao aceitar conselhos, pois estar receptivo a novas ideias requer uma avaliação criteriosa da validade e pertinência das informações fornecidas. Tal prudência é fundamental para evitar a aceitação acrítica de conceitos ou conselhos que possam carecer de fundamentação ou não ser apropriados para a situação em questão.
De fato, cada indivíduo percebe o mundo de acordo com sua própria perspectiva. A questão reside no uso de uma “lanterna de baixa potência”, que limita a capacidade de enxergar a totalidade das circunstâncias. Deus, por outro lado, detém uma visão abrangente e compreende plenamente as razões por trás das escolhas que fazemos. O texto de Provérbios 16:2 sugere que Ele examina profundamente as motivações que impulsionam nossas ações, avaliando o âmago de nossos propósitos. Não estou sugerindo que devemos buscar a onisciência divina, mas sim ressaltando a importância de não permanecermos ignorantes diante do conhecimento disponível. Mas ele sabe que os nossos caminhos nem sempre são os melhores. Veja o que diz:
(Salmo 94:11) Jeová conhece os pensamentos do homem, que são pensamentos vãos.
Deus tem consciência da futilidade e da vaidade dos pensamentos humanos, pois Ele detém conhecimento absoluto. Muitas das suposições feitas pelos seres humanos não correspondem à verdade objetiva, pois estão restritas ao limitado conhecimento humano. Enquanto nossos pensamentos estão circunscritos ao nosso entendimento finito, os de Deus transcendem essas limitações, pois Ele é onisciente.
Não devemos julgar a natureza das coisas com base apenas nas ações humanas em relação a elas, pois nem sempre o rótulo atribuída reflete com precisão a sua verdadeira natureza. Portanto, é crucial exercitar o discernimento para além das aparências superficiais, e isso irá refletir madureza de nossa parte.
Por vezes, tendemos a ter expectativas em relação a certas coisas que não correspondem às funções que esperamos delas, ao passo que ignoramos outras que deveriam ser alvo de expectativa que deveríamos colocar, devido à nossa falta de conhecimento ou ignorância. Um exemplo bíblico disso está em:
(Mateus 13:55-58) Ora, não é este o filho do carpinteiro? O nome de sua mãe não é Maria, e o de seus irmãos: Tiago, José, Simão e Judas? Não vivem entre nós todas as suas irmãs? Portanto, de onde obteve todos esses poderes?” E ficavam escandalizados por causa dele. Entretanto, Jesus lhes afirmou: “Não há profeta sem honra, a não ser em sua própria terra, e em sua própria casa”. E Jesus não realizou ali muitos milagres, por causa da falta de fé daquelas pessoas.
Eles pensavam, “eu vi esse menino crescer, ele não é o Messias”. Naquele período histórico, houve uma interpretação equivocada das pessoas em relação a Jesus. Elas foram influenciadas por preconceitos e ideias preconcebidas sobre quem ele era, o que os levou a tropeçar em sua compreensão. Mesmo que Jesus fosse realmente o Filho de Deus, ele não era respeitado como tal, devido à recusa daqueles que já tinham uma visão distorcida sobre sua identidade. Portanto, Jesus encontrou dificuldade em receber reconhecimento e respeito em sua terra natal devido aos preconceitos arraigados das pessoas em relação a ele. Isso resultou na falta de uma expectativa adequada sobre sua verdadeira identidade e propósito. Diziam que Jesus era simplesmente o filho de um carpinteiro e não aceitavam sua identidade como o Messias prometido, por mais que vissem seus poderes. Portanto, devido à ignorância ou falta de compreensão, muitas pessoas não aceitavam Jesus como o Messias esperado, pois viam apenas o que desejavam ver. Com isso concordamos que o problema não estava nele, mas estava no viés, na ignorância que os indivíduos de seu tempo tinham dele. Então muitas vezes, o algo ou situação não é o problema, mas sim a interpretação que existe sobre algo, as vezes o problema está em quem julga e não no julgado. Jesus até disse:
(Mateus 11:6) Feliz é aquele que não acha em mim causa para tropeço.”
Assim, o problema reside naqueles que encontram motivos para se desviar do caminho correto; a questão estava na percepção individual e não no Cristo. Apesar dos esforços de Jesus, ele não era responsável pela compreensão ou interpretação que os outros tinham dele. Isso nos ensina que o que nós falamos nem sempre é o que as pessoas entendem e mesmo que façamos algo correto ou que não é errado ainda assim podemos ser mal interpretados. Podemos inferir que indivíduos com menor nível de compreensão não conseguem entender comportamentos de nível superior. Por essa razão, certas ações de Deus nos são incompreensíveis, assim como muitas pessoas não compreendiam Jesus em seu tempo. Consequentemente, ao seguirmos Jesus, também seremos frequentemente mal interpretados assim como ele foi.
Em uma ocasião, Jesus afirmou que as pessoas deveriam comer de sua carne e beber de seu sangue para alcançar a vida eterna, o que muitos consideraram como blasfêmia, levando-os a abandoná-lo. No entanto, essa declaração tinha um significado simbólico mais profundo, como é demonstrado pela instituição da Santa Ceia. Assim, Jesus foi mal interpretado devido à interpretação literal de suas palavras. Nós podemos ler em:
(João 6:53-66) Assim, Jesus lhes disse: “Digo-lhes com toda a certeza: A menos que comam a carne do Filho do Homem e bebam o seu sangue, vocês não têm vida em si mesmos. 54 Quem se alimenta da minha carne e bebe o meu sangue tem vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia, 55 pois a minha carne é verdadeiro alimento, e o meu sangue é verdadeira bebida. 56 Quem se alimenta da minha carne e bebe o meu sangue permanece em união comigo, e eu em união com ele. 57 Assim como o Pai, que vive, me enviou e eu vivo por causa do Pai, assim também aquele que se alimenta de mim viverá por causa de mim. 58 Este é o pão que desceu do céu. Não é como quando os seus antepassados comeram e mesmo assim morreram. Quem se alimentar deste pão viverá para sempre.” 59 Ele disse essas coisas enquanto estava ensinando numa sinagoga em Cafarnaum.
Observe agora a reação das pessoas a partir do versículo 60.
60 Ao ouvirem isso, muitos dos seus discípulos disseram: “Essas palavras são chocantes. Quem pode escutar isso?” 61 Mas, percebendo que seus discípulos estavam murmurando por causa disso, Jesus lhes disse: “Isso os faz tropeçar? 62 O que aconteceria então se vocês vissem o Filho do Homem subir para onde estava antes? 63 É o espírito que dá vida; a carne não é de nenhum valor. As declarações que eu lhes fiz são espírito e são vida. 64 Mas há alguns de vocês que não creem.” Pois Jesus sabia desde o princípio quem eram os que não criam e quem o trairia. 65 Ele acrescentou: “É por isso que eu lhes disse: Ninguém pode vir a mim, a menos que isso lhe seja concedido pelo Pai.” 66 Por causa disso, muitos dos seus discípulos foram embora para as coisas deixadas atrás e não andavam mais com ele.
Eles interpretavam que Jesus havia cometido um erro quando, na realidade, isso não era o caso. Essas palavras possuem um caráter simbólico ilustrativo, visto que nem mesmo os apóstolos praticaram o ato de canibalismo com Jesus. Essas palavras sobre comer sua carne e beber seu sangue estão figurativamente representando a necessidade de todos aqueles que desejam alcançar a vida eterna demonstrarem fé no sacrifício que Jesus faria ao oferecer seu corpo humano perfeito e derramar seu sangue. Então, naquele contexto, muitas vezes as pessoas baseavam suas crenças em meras suposições, seguindo tacitamente o princípio do “se eu acho, logo é”. Parece que Jesus estava testando a capacidade de compreensão das pessoas, a fé e seu verdadeiro interesse em sua mensagem, se já não sabia que muitos o abandonaria.
Em outro relato nós lemos:
(João 10:20) Muitos deles diziam: “Ele tem demônio e está louco. Por que vocês o escutam?”
Como é que o Filho de Deus poderia ser associado a um demônio? A simples razão de ele falar com autoridade e usar ilustrações levou algumas pessoas a interpretarem erroneamente que ele estava possuído ou louco. Isso demonstra mais uma vez como interpretações equivocadas e falta de compreensão podem surgir.
Eu já ouvi dizer que quando alguém se desvincula da organização das Testemunhas de Jeová, tal indivíduo é atentado pelo diabo, e isso tem um fundo de verdade, a partir do momento que nos desvinculamos e pregamos a verdade nos tornamos alvo de perseguição, mas o cerne da questão é pregar a verdade, e não se afastar da organização, porque pregar a verdade faz com que você seja de fato um inimigo do Diabo. Mas a analogia entre esse evento e manifestações demoníacas baseadas no discurso carece de fundamentação verdadeira e pode ser considerada uma simplificação excessiva e potencialmente prejudicial porque não é uma conclusão embasada em fatos, mas sim uma suposição infundada.
Viver na era da informação não é o suficiente
De acordo com a filósofa, vivemos na era da informação, estamos constantemente recebendo estímulos ou pensamentos através de diversos meios, como outdoors, músicas, entre outros, e assimilamos tais estímulos de maneira inconsciente. Com base no conteúdo que assimilamos, é comum que atribuamos a autoria de ideias a nós mesmos, porém, uma análise cuidadosa pode revelar que muitas dessas ideias não são originalmente nossas. Em vez disso, somos influenciados por elas, sugerindo que os pensamentos foram “pensados” por outros e simplesmente adquiridos por nós.
É uma ocorrência comum e natural. Desde a infância, somos educados e expostos a diferentes influências. Segundo a narrativa do Gênesis, Deus inseriu suas ideias em Adão no ato da criação, por isso não estou alegando que isso seja inadequado, pois é inerente à natureza humana ser altamente influenciável e frequentemente absorver mais ideias de outras fontes do que gerar por si só. O ponto relevante é que muitas vezes não estamos habituados a criar ideias originais devido à necessidade de reflexão profunda, e o estilo de vida contemporâneo nem sempre favorece esse processo. Isso pode resultar na tendência de confiar nas opiniões prontas dos outros. O dilema decorre do risco de ignorarmos algo benéfico, ao adotarmos cegamente uma ideia preconcebida. Assim, corremos o risco de abraçar tanto ideias positivas quanto negativas sem uma ponderação adequada. Portanto, é essencial cultivar nossos próprios argumentos e opiniões, enriquecendo nossa mente com ideias originais. A Bíblia diz em:
(Provérbios 19:2) Não é bom proceder sem refletir, e peca quem é precipitado.
Portanto, é necessário realizar uma reflexão antes de agir. E surge a indagação: a ideia que possuímos é genuinamente nossa, ou foi influenciada por uma fonte externa? Às vezes nós só agimos e não pensamos no porquê estamos fazendo o que estamos fazendo. Portanto, a contemplação deste fenômeno é crucial para a busca da autenticidade, impedindo que nos tornemos apenas mais um imitador de comportamentos alheios. É imperativo que exerçamos nosso próprio raciocínio e não nos submetamos passivamente à influência dos pensamentos alheios. E isso explica porque alguns viram adorador de homens, repetidor de ideias, lambedores de botas. Claro que não é moralmente condenável adotar ideias originadas em terceiros. Entretanto, é crucial discernir entre conceitos legítimos e infundados. A aceitação indiscriminada e automática de todas as ideias pode resultar em violações dos princípios divinos. Uma fonte de confiabilidade que posso sugerir para a formação de ideias é a Bíblia, onde encontramos princípios divinos para integrar em nossa cognição. No entanto, é importante notar que a própria Bíblia nos incentiva à reflexão. Não estou sugerindo a necessidade de nos tornarmos filósofos, mas sim de cultivarmos o senso crítico. Naturalmente, demanda tempo até que formemos completamente nossas próprias ideias. No entanto, ao seguir esse processo, podemos analisar e avaliar a validade de certos pensamentos, além de aprimorar nossas ideias para garantir que sejam genuínas e fundamentadas.
Claro que é talvez é muito mais fácil e confortável ter alguém pensando por nós, um estudo revelou que o sentimento de responsabilidade é reduzido quando somos coagidos a fazer alguma coisa, ou seguimos uma ordem, porque nosso cérebro encara aquilo como “eu estava apenas seguindo ordens”, e isso se torna uma justificativa para não ser punido. O ser humano é suscetível à influência social, levando muitas vezes à adoção dos padrões de pensamento estabelecidos pela sociedade, visando aceitação e integração.
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